domingo, 6 de janeiro de 2013

Orissa 2008: alguns anos depois

O ano de 2008 foi muito triste para os cristãos de Kandhamal, no Estado de Orissa, leste da Índia, quando dezenas de ataques foram organizados contra a comunidade cristã local. A região de Orissa é considerada uma das mais intolerantes ao cristianismo em toda a Índia, onde grupos hindus e maoístas (Naxalitas) agem por razões muito específicas

 A casta não tribal dos Pana (intocáveis) é a segunda maior comunidade de Kandhamal, composta em sua maioria de convertidos ao cristianismo. Os hindus procuram impedir o crescimento do cristianismo e o segundo grupo age sob pretextos políticos recrutando cristãos Pana para suas fileiras revolucionárias.

 Orissa é um dos Estados indianos que têm autonomia para promulgar legislação religiosa. Essa legislação diz que nenhuma pessoa deve converter outra, direta ou indiretamente, por força ou indução.

 Os ataques de agosto de 2008 foram motivados sob a alegação de que os missionários cristãos da região estavam convertendo à força as tribos locais, fornecendo-lhes carne de vaca, o que para o hinduísmo é um sacrilégio. Além disso, os cristãos foram acusados de serem treinados e agirem em favor de grupos maoístas que planejaram e executaram o influente líder hindu, Swami Laxmanananda.

 Nos ataques de Orissa em 2008, milhares de cristãos tiveram que fugir de suas casas, outros foram mortos e suas igrejas e casas incendiadas.

 "Cerca de 20 pessoas vieram à minha casa com paus e varas em suas mãos e ameaçaram obrigar a me converter ao hinduísmo, então eles rasparam minha cabeça. Eu lhes disse: ‘Eu conheço meu Senhor, Ele me salvou e eu não vou mudar minha fé’. Quando eles me pediram para beber a urina de uma vaca e comer seu esterco, todo mundo saiu correndo – ninguém ficou para ajudar. Os extremistas, então começaram a me agredir brutalmente e me disseram para deixar a aldeia", disse um cristão indiano.

 Portas Abertas socorre cristãos indianos

 A Portas Abertas Internacional socorreu os cristãos de Orissa, prejudicados pelos ataques. Nas semanas seguintes aos motins, a equipe da Portas Abertas organizou a distribuição de mais de 6 mil kits de primeiros-socorros, contendo itens de necessidades básicas para as famílias que perderam tudo. Cada pacote continha utensílios de cozinha, pratos e xícaras, arroz e outros alimentos, roupas para uma família, medicamentos, repelentes, produtos de higiene pessoal e uma Bíblia.

 As primeiras fases dessa força-tarefa foram realizadas em sigilo. Embora muitas organizações, por questões de segurança, se retiraram da região, a Portas Abertas prosseguiu socorrendo os cristãos.

 Nos campos de refugiados, as pessoas foram servidas com arroz e dal (sopa de lentilhas) duas vezes por dia. A Portas Abertas teve também o privilégio de poder patrocinar uma ceia de Natal para cerca de 3 mil cristãos no campo G-Udaigiri.

 "No mês de agosto de 2008, os líderes do RSS (partido político hindu) entraram em nossa aldeia com um grande grupo de pessoas e queimaram todas as casas dos cristãos, incluindo a nossa. Naqueles dias difíceis a Portas Abertas desenvolveu um programa de ajuda. Sou grato a Deus e grato à Portas Abertas por nos fornecer ajuda. O que vocês fizeram era o que ansiávamos e Deus tornou isso possível", disse Hosea Mohanandia, cristã de Orissa.

 Orissa hoje

 Embora ainda vivam sob constante pressão, a atual situação dos cristãos de Orissa é estável. Muitos conseguiram voltar para suas casas e rescontruir suas vidas após os ataques de 2008; outros não quiseram ou foram impedidos de fazê-lo. Você, parceiro da Portas Abertas, foi parte da ajuda entregue para esses cristãos. Que Deus seja louvado através de sua vida!

 *Texto publicado originalmente na Revista Portas Abertas, vol.30 nº10

Fonte:http://www.portasabertas.org.br/
Postado em 06 de janeiro de 2013

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